quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Escola de Guarulhos (SP) pede para aluno cortar cabelo "crespo e cheio"

A mãe de um aluno de 8 anos do Colégio Cidade Jardim Cumbica, em Guarulhos (SP), diz que a escola constrangeu o seu filho e pediu que ele cortasse o cabelo, definido como "crespo e cheio" pela diretora.
A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar a escola por suspeita de racismo contra o garoto. Segundo a polícia, o colégio foi notificado sobre o inquérito e o responsável deve comparecer ao 3º Distrito Policial da cidade para dar depoimento nesta segunda-feira (9).
De acordo com Maria Izabel Neiva, o seu filho foi chamado pela direção da escola em agosto para falar do cabelo. "Ele não me detalha o que ela disse, só conta que teve muita vontade de chorar", afirma. Em seguida, o garoto começou a sofrer bullying dos colegas, que o chamavam de "mendigo" e "cabeça de capacete".
A mãe então recebeu um bilhete no caderno do aluno, dizendo que ele estava reclamando do cabelo, "que caía no olho", e pedia que fosse cortado. Em seguida, a mãe respondeu que não teria como o cabelo do garoto cair no olho, já que não era liso, e que a direção a convidasse para conversar sobre o assunto e não mandasse mais bilhetes.
A diretora então respondeu com um novo recado dizendo que o corte não era usado pelos alunos do colégio. "Eu decidi, então, ir até lá pessoalmente e disse que era um absurdo chamar uma criança para falar da sua aparência física", diz Maria Izabel. A diretora teria dito que o regulamento da escola não permitia o uso de vestimentas "extravagantes", fazendo uma referência ao cabelo do garoto. "Ela disse que um cabelo 'crespo e cheio não é adequado', e que atrapalha os colegas de enxergarem a lousa".
A mãe afirma que não havia motivos para cortar o cabelo do filho, que é alto e sentava no fundo da sala. A diretora, por sua vez, teria respondido que no próximo ano "poderia não chamá-lo para fazer a rematrícula". 
No último dia 3 de dezembro, Maria Izabel tentou matricular o filho no 4º ano do ensino fundamental, para o ano letivo de 2014, e foi informada de que não havia vagas. No mesmo dia, outras mães teriam conseguido assegurar a vaga sem nenhum problema. "Eu fiquei extasiada, não sabia o que fazer. Não quiseram fazer a matrícula só porque eu disse que não ia cortar o cabelo do meu filho", afirma.
Ela então procurou a direção da escola, soube que teria que entrar numa fila por vagas e registrou um boletim de ocorrência no 3º DP de Guarulhos, que investiga o caso. "Ele tem o direito de ter a matrícula. Estou sem saber o que fazer agora, porque essa é a única escola boa no bairro".
Procurada pela reportagem para comentar o caso, a escola ainda não respondeu.

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