quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Maranhão adia licitações para compra de lagosta e camarão

O governo do Maranhão adiou as licitações para compra de alimentos para as duas residências oficiais. Os novos pregões não têm data para acontecer. Em meio ao caos em presídios, o Estado previa gastar R$ 1 milhão para alimentar a família Sarney e seus convidados até o fim do ano.
A coluna "Painel", da Folha, revelou na edição de ontem (08) que a lista de compras incluía 80 kg de lagosta fresca, uma tonelada e meia de camarão e oito sabores de sorvete.
O pacote para os palácios maranhenses também incluía 750 kg de patinha de caranguejo, por R$ 39 mil. O governo do Estado compraria ainda duas toneladas de peixe e mais de cinco toneladas de carne bovina e suína.
As residências oficiais receberiam 50 caixas de bombom e 30 pacotes de biscoito champanhe. Outro item curioso: R$ 108 mil em ração para peixes.
O edital ainda previa a compra de 2.500 garrafas de 1 litro de "refrigerante rosado" com "água gaseificada, açúcar e extrato de guaraná". Descrição sob medida para a compra do guaraná Jesus, bebida famosa do Maranhão.
Com tantas encomendas, o governo faria duas licitações para escolher os fornecedores. O primeiro pregão, de R$ 617 mil, estava marcado para hoje às 14h30. O segundo estava agendado para esta sexta-feira.
As iguarias deveriam ser entregues na residência oficial e na casa de praia usada pela governadora.
A Folha visitou um dos presídios superlotados de São Luís. São cerca de 200 homens, o dobro da capacidade. A comida dos presos se limita a arroz e galinha crua. Uma chapa no chão da cadeia funciona como fogão para os presos terminarem de cozinhar o frango para conseguir comer.

Maranhão dobra gasto com prisão terceirizada

O gasto do governo Roseana Sarney (PMDB) com as duas principais fornecedoras de mão de obra para os presídios do Maranhão chegou a R$ 74 milhões em 2013, um aumento de 136% em relação a 2011. Uma das empresas que mais receberam verba, a Atlântica Segurança Técnica, tem como representante oficial Luiz Carlos Catanhêde Fernandes, sócio de Jorge Murad, marido da governadora, em outra empresa, a Pousada dos Lençóis Empreendimentos Turísticos.
 
Em 2002, antes da eleição presidencial, a Polícia Federal apreendeu R$ 1,34 milhão em dinheiro vivo na sede da empresa Lunus, de Murad e Roseana. À época, em entrevista à revista Veja, Fernandes disse que parte desse dinheiro (R$ 650 mil) veio de empréstimo da sua empresa Atlântica. A Lunus ficava no mesmo endereço da Lençóis Empreendimentos.
 
A terceirização nos presídios é apontada pelo sindicato dos agentes penitenciários e pela oposição como uma das causas da barbárie no sistema carcerário do Maranhão.
Responsável por fornecer os guardas que fazem a segurança armada dos presídios, a Atlântica recebeu, em 2013, R$ 7,6 milhões da Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária (Sejap). Um ano antes, o valor era exatamente a metade: R$ 3,8 milhões. Ano passado, a Atlântica também tinha contratos com outros quatro órgãos estaduais e recebeu no total R$ 12,9 milhões do governo maranhense.
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